Mulher faz tapetes de retalho para driblar desemprego e ensina técnica de graça para ajudar comunidade

Ao ficar desempregada e com quatro filhos, um deles de apenas três meses, a moradora de Itapetininga (SP) Lilian Aparecida Alves, de 33 anos, encontrou na tábua de madeira, nos pregos e retalhos a alternativa para o sustento de sua família.

Com dedicação e concentração por cinco horas no quintal de sua casa, ela consegue transformar o que seria descartado em tapetes para vender.

Porém, mesmo conseguindo apenas R$ 600 mensais com as vendas pelo bairro, Lilian resolveu há três meses abrir mão de ser a única vendedora da Vila Palmeira. Ao ver a dificuldade financeira de muitas moradoras do bairro, a grande maioria catadoras de recicláveis, decidiu ensinar gratuitamente como se faz os tapetes e dividir o tempo da costura com a solidariedade.

“Eu tive a ideia de ajudar e ensinar todas elas porque eu sou mãe. Elas também são mães. Quanta criança está precisando disso? Quanta mulher não está precisando? A maior tristeza de uma mãe é quando não tem como sustentar a família. Se ela puder vender esse tapete já ajuda muito. Eu penso nelas como se fosse eu”, diz.

Atualmente, a artesã ajuda cerca de 20 mulheres a aprenderem a técnica dos tapetes. Muitas, de acordo com Lilian, já deixaram de ser catadoras de lixo ou diminuíram as coletas durante a semana, já que vender tapete rende mais e judia menos.

Maria Antônia Lopes, de 58 anos, é uma das moradoras que resolveram aprender a técnica. Segundo ela, o artesanato fez com que deixasse de tomar calmante.

“Eu não estou tomando mais. Parei com tudo. Tomava calmante por 20 anos. Meu calmante agora é o tapete”, diz.

A Aldineia Rodrigues Pereira afirma que ainda não vive só dos tapetes que vende, mas já consegue passar o mês menos apurada. “Dá para comprar leite, pão, fralda e dá para ajudar a pagar a conta de luz”, ressalta.

Fonte: g1.globo.com